O setor produtivo paranaense passa por um momento de ampliação de investimentos, especialmente no interior do estado, área que não gozava de muita visibilidade até então. Apesar dos sinais positivos apresentados nos últimos tempos, há um longo caminho pela frente para solucionar a equação de viabilidade de investimento nessas regiões. Esse atraso de investimentos se deve, em grande parte, à alta carga tributária do Brasil, que pesa sobre a produção e o consumo, ao invés de recair sobre a renda. E para quem precisa rodar pelo Paraná com o objetivo de transportar seu produto, ainda há outro impasse: o pedágio.
Em aproximadamente 15 anos de concessão das rodovias no estado, as melhorias efetivas nas nossas estradas são poucas e as obras, na sua esmagadora maioria, não trouxeram nada de novo, mas apenas conservaram o que já existia. A quantidade de novos acessos, viadutos, duplicações, entre outras obras, é praticamente nula, ainda mais se comparado ao altíssimo valor do pedágio no primeiro trecho concedido, denominado de Anel da Integração. Temos aqui um preço de pedágio de primeiro mundo, com rodovias de terceiro.
Para o empresário do interior do estado que trabalha com produtos de baixo valor agregado – geralmente do ramo agroindustrial – o impacto do pedágio reflete diretamente em sua competitividade. Isso significa que o custo desproporcional do pedágio acaba por aumentar ainda mais a concentração de renda na Região Metropolitana de Curitiba, hoje estimada em 70% do PIB do Paraná, em detrimento do interior, carente de investimentos. A perda de competitividade das demais regiões do estado é inerente.
Um exemplo está no caminhoneiro que percorre de Maringá ou Londrina até Paranaguá por cerca de 500 quilômetros para escoar o milho. Se ele viajar com um veículo de cinco eixos, por exemplo, o valor deixado nas praças de pedágio corresponderá a quase 28% do custo de frete. O empresário de Foz do Iguaçu eleva o custo operacional da produção de milho em 7,3% a mais e o de soja em 4,3%, em decorrência do transporte de insumos.
Em outros estados, a exemplo de São Paulo, além do valor praticado relativamente mais baixo, uma recente notícia de possível renegociação entre concessionárias e governo trouxe mais fôlego ao produtor. No Paraná, a questão é de custo-benefício. Ou seja, ou se reduz para justificar o serviço prestado, ou se dá a imediata execução de obras como viadutos, trevos, duplicações etc., especialmente dos trechos sem duplicação das regiões Oeste e Noroeste, que têm a triste marca de inúmeras mortes.
Não somos contra o pedágio em si. O que nosso sistema de concessão de rodovias precisa é, primeiro, cobrar de acordo com o serviço e a rodovia oferecidos. Segundo, as rodovias concedidas e as administradas pelo poder público necessitam urgentemente de um projeto de melhoria e modernização de para que possamos transitar com nossas famílias e produções de modo seguro e eficiente.
Rainer Zielasko é presidente da Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Estado do Paraná (Faciap).
Fonte: Jornal Gazeta do Povo